Estes versos meus me perseguem. Primeiro, pensei em declamá-los alguma vez no Corujão da Poesia do Rio (assunto do meu próximo post); mas sempre termino por escolher outros. Depois, pensei em deixá-los aqui, e estava imaginando o que iria escrever como introdução quando me deparei no espaço da Tatiana Carlotti, “SobremargenS”, com uma linda prosa poética. O texto da Tati merece verdadeiramente ser chamado assim, e evocou o meu poema que há tempos me pedia para vir aqui fora.
Logo, nada mais certo do que lhes dar o caminho para as palavras da Tatiana (http://sobremargens.webnode.com/news/da-insonia/) e finalmente publicar esses meus versos.
Morte
A cortina filtra a luz ferina do Sol,
desse Sol que nos consome a alma
sobre o asfalto cru e efervescente,
o asfalto barato e nu dos subúrbios.
Pessoas vêm e vão, desconexas,
com seus problemas pensamentos
sentimentos sensações centrífugos.
O suor lhes salga os cabelos e os rostos
democraticamente. E o próximo compromisso
efêmero de extrema relevância
entorpece suas fibras adormecidas,
embota suas crestadas entranhas…
Quem se lembra da Lua
enquanto a estrela do dia
tanto e tão veemente
brilha?
Mas a Noite sabe ser igualmente implacável,
e Morfeu chega a nós sorrateiro,
mas inevitável,
trazendo a morte daquele sol
que tínhamos para viver,
e não vivemos.
O que nos resta fazer?
Morremos.
Todo conteúdo desse blog pode ser reproduzido, desde que não seja usado comercialmente e que os créditos sejam atribuídos a mim, Isabela Escher Rebelo.
http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.5/br/
Minha querida, muito grata pelo espaço e pela indicação do meu blog! E ainda mais dialogando com este poema lindo seu e esses “sentimentos sensações centrífugos”! Cá estou com tuas imagens, abraçando o Sol para que ele não morra. Lindo! Lindo! Lindo! Beijo imenso! Tati
Fico feliz com as suas palavras, linda! Sua Poesia está na prosa, seja nos textos do seu blog, seja em breves comentários.
Sei que muitos outros diálogos literários estão por acontecer entre nós.
Um beijo grande, e um abraço apertado!
Pingback: Poemas publicados | Tessitum